Três tipos de Paciência | Kangyur Rinpoche

Paciência é essencialmente a capacidade de suportar o sofrimento.

É o solo fértil onde as flores do Dharma (ou seja, as três disciplinas) podem crescer e espalhar o seu perfume de boas qualidades.

Cercando essas flores como uma cerca protectora estão os três tipos de paciência.

A primeira é a paciência para suportar os sofrimentos e dificuldades que ocorrem enquanto se luta pelo duplo objectivo: o estado de Buda para o seu próprio bem e a realização do bem-estar dos outros. O segundo tipo de paciência é a capacidade de suportar as lesões que outros possam infligir, enquanto o terceiro tipo é a capacidade de confrontar, sem medo ou apreensão, a doutrina do vazio e outros ensinamentos profundos.

​Os Três Principais Aspectos do Caminho | Tsongkhapa

Prostro-me aos meus nobres e perfeitos lamas.

(1) Devo tentar explicar, da melhor forma possível, o significado essencial dos pronunciamentos escriturais dos Triunfantes, o caminho aclamado pelos santos filhos dos Triunfantes, a trilha para os afortunados que desejam a liberação.

(2) Oh afortunado cuja mente se confia ao caminho que agrada os Triunfantes, que não se apega aos prazeres da existência compulsiva e anseia em dar um significado à sua vida de folgas e oportunidades (fatores enriquecedores), escute com uma [mente] clara.

(3) Ter forte interesse pelos prazeres do oceano da existência compulsiva e não ter renúncia pura não constitui um método para se [alcançar] a paz [da liberação] — de fato, ao ansiar pelos efeitos das situações compulsivas, os seres sencientes ficam totalmente presos — portanto, primeiro lute [para ter] renúncia.

(4) Acostume sua mente [ao fato de que] não há tempo a perder, já que uma vida com folgas e oportunidades é muito difícil de se obter, e livre-se da obsessão com as aparências desta vida. Pense muitas vezes sobre os problemas dos renascimentos recorrentes e sobre o fato de que [as leis das] causas e efeitos dos comportamentos nunca falham, e livre-se da obsessão com as aparências das [vidas] futuras.

(5) Acostumando-se desta maneira, quando não mais gerar, nem por um instante, uma mente que aspira os esplendores do samsara, e [quando tiver] desenvolvido a atitude de estar dia e noite fortemente interessado na liberação, [então] você terá desenvolvido renúncia.

(6) Mesmo tendo desenvolvido renúncia, se não for mantida com o desenvolvimento do ideal de bodhichitta, ela não se tornará uma causa para os esplendores e o êxtase do estado purificado inigualável [da iluminação], [portanto,] aqueles que têm bom senso desenvolvem o supremo ideal de bodhichitta

.(7) Carregado pelas correntes dos quatro rios violentos, amarrado pelos grilhões do karma, que são tão difíceis de desamarrar, jogado na malha de ferro do apego à identidades verdadeiras, encoberto pelas trevas da escuridão da ignorância,

(8) Implacavelmente atormentado pelos três tipos de sofrimento, vida após vida na existência compulsiva sem limites — pensando na condição de suas mães que se encontram em uma situação como essa, desenvolva o supremo ideal de bodhichitta

(9) Mesmo tendo criado o hábito da renúncia e do ideal de bodhichitta, se não tiver a consciência discriminativa que percebe a natureza da realidade, não conseguirá cortar a raiz de sua existência compulsiva. Portanto, se esforce nos métodos para realizar a originação dependente.

(10) Qualquer um que tenha visto que [as leis] de causa e efeito de todos os fenômenos do samsara e nirvana nunca falham, e que tenha visto os suportes para suas cognições [de existência inerente] desaparecerem, quaisquer que sejam, entrou no caminho que agrada aos budas.

(11) Aparências são originações dependentes não-falaciosas (válidas) e a vacuidade é livre [de formas impossíveis de existência]. Enquanto você tiver esses dois entendimentos separadamente, ainda não realizou o desígnio dos Hábeis (budas).

(12) Mas, quando [essas duas realizações] ocorrerem concomitantemente, e não alternadamente, e sua convicção, que vem de [ver os fenômenos como] meras originações dependentes não-falaciosas, fizer com que todas as suas formas de tomar objetos [como sendo inerentemente existentes] desmoronem, seu discernimento da visão correta estará completo.

(13) Além disso, quando perceber como as aparências descartam o extremo da existência e a vacuidade descarta o extremo da não existência, e a vacuidade se manifestar como causa e efeito, nunca mais será capturado por visões que se agarram a extremos.

(14) Quando tiver entendido os pontos desses três aspectos principais do caminho, como eles são, confie-se à solidão e, gerando o poder da perseverança jubilosa, realize rapidamente, meu filho, seu objetivo final.

Lidar com o conflito | Mingyur Rinpoche

Ao lidar com conflitos, devemos primeiro contemplar que o nosso adversário quer ser feliz e estar livre de sofrimento, tal como nós.

Em seguida, tentemos ver as coisas do ponto de vista deles. Observando a situação da perspectiva deles, seremos capazes de ver claramente quem tem a ideia errada e quem está errado.

Seremos capazes de ver claramente as nossas próprias falhas também. Se, através desta contemplação, descobrirmos que somos nós que estamos errados, então poderemos começar a resolver essas falhas em nós mesmos.

Se confirmarmos que sim, a outra pessoa é quem está confusa e culpada, ainda seremos capazes de ver a situação com compaixão. Reconheceremos que eles estão tentando a felicidade, mas não entendem como alcançá-la.

Eles podem estar nos prejudicando, e a outros também, mas podemos entender que o comportamento deles está na verdade impedindo a felicidade que eles estão tentando alcançar.”

Texto e Foto de Mingyur Rinpoche.

Chave para a felicidade, segundo o maior estudo já feito sobre o assunto.

Pessoas? Dinheiro? Reconhecimento? Amor? Afinal, qual é a chave para a felicidade? Essa parece a mais difícil pergunta das nossas vidas, e foi essa mesma pergunta que um estudo da Universidade de Harvard se dedicou a responder.

O Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento Adulto procurou encontrar os factores que podem levar-nos a desenvolver a melhor saúde física e mental quando atingirmos idades avançadas.Para responder uma pergunta tão difícil, o processo de pesquisa não haveria de ser fácil.

O tal estudo durou nada menos que 75 anos, entrevistando e monitorizando mais de 600 pessoas divididas em dois grupos: Estudantes de Harvard e habitantes das cidades vizinhas de Boston, onde fica a universidade. Junto das pessoas seleccionadas eram monitorizadas também as respectivas famílias, através de entrevistas de dois em dois anos, exames médicos, e observação de experiências de interacção com outras pessoas.

A pergunta que o Dr. Robert Waldinger, o quarto director que o estudo teve ao longo de tantos anos, levantou numa conferência Ted Talk, é o fundamento: Se hoje fosses investir no seu melhor “eu” futuro, no que colocaria o seu tempo e energia?E a resposta é simples e directa: o que melhor garante a nossa saúde física e mental são as relações pessoais. Quem criou laços fortes com outros seres humanos viveu mais e melhor – para além de dinheiro, estatuto ou emprego.

O sucesso maior da nossa vida está no afecto, trocado, dividido, desfrutado e devolvido entre seres humanos. Parece óbvio, e é – mas é ainda bastante difícil. Sucesso e saúde, portanto, é ter amigos, família e amores.

O resto é o resto.

O Mestre Samurai e a Raiva

O Mestre Samurai e a Raiva.

No Japão, vivia um grande e velho mestre samurai, dedicado a ensinar aos jovens. Apesar da sua idade, todos sabiam que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Uma tarde, um guerreiro conhecido pela sua total falta de escrúpulos apareceu por lá. Ele era famoso por usar a técnica da provocação. Ele esperava que o adversário fizesse o primeiro movimento para imediatamente contra atacar numa velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro nunca havia perdido um embate. Como ele tinha ouvido falar sobre o mestre dos samurais, ele foi procurá-lo para derrotá-lo e, assim, aumentar s sua fama e prestígio. Todos os alunos do professor manifestaram-se contra a ideia, mas o professor aceitou o desafio.
Então foram todos para a praça da cidade e o jovem arrogante começou a insultar o professor. Depois, jogou algumas pedras nele, cuspiu na cara dele e continuou gritando ao ancião todos os insultos conhecidos, ofendendo até seus ancestrais.
Por horas, o jovem fez de tudo para provocá-lo, mas o mestre samurai permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o jovem guerreiro retirou-se.

Os alunos do professor, desapontados porque o mestre aceitou tantos insultos e provocações, lhe perguntaram: “Mestre, como pode suportar tantas humilhações? Porque não usou a sua espada, em vez de se mostrar covarde diante de nós? O professor respondeu: “Se alguém lhe oferece um presente e não o aceita, a quem o presente pertence?” “Para quem tentou entregá-lo”, respondeu um dos estudantes.

O mestre disse-lhes: “O mesmo acontece com a raiva e os insultos; quando não são aceites, continuam a pertencer àqueles que não puderam passá-los aos outros”.

Moral: Às vezes, algumas pessoas descontam a raiva que as consome nas outras pessoas com provocações e insultos; no entanto, cabe a si mesmo aceitá-los ou não.

7 hábitos de monges budistas.

Qual o segredo para se sentir calmo e focado? Não é uma pergunta fácil de responder. Então, por que os monges budistas parecem pacíficos e presentes o tempo todo? Como é que fazem isso?Conhecem algum segredo escondido que tu não conheces?

Na verdade, sim, eles conhecem! Sendo assim, como não aprender com eles? Estamos aqui para indicar esse caminho.

Hábito 1 – Desocupação exterior

Sabia que Buda nasceu como príncipe? Sim, ele poderia ter passado a vida num grande e belo palácio onde tudo era feito para ele. Mas ele não fez desse caminho a sua vida. Ele abandonou tudo quando percebeu a natureza frustrante do materialismo. Viver somente para acumular coisas que podem ser desnecessárias, trazem uma sensação de falsa alegria.

Praticamente 2.300 anos depois, os monges budistas fazem o mesmo. Viver com o necessário nunca foi tão primordial para pessoas felizes e gratas. Mantém as posses materiais a um mínimo e apenas mantém o que necessitam para viverem as suas vidas. Geralmente tudo fica numa mochila pequena.

Eles desocupam completamente a sua vida e passam a dispensar aquilo que só pode gerar falsas felicidades carregadas de preocupações e stress.

Hábito 2 – Desocupação interna: Cuidando dos outros.

Nos muitos círculos budistas, os monges aprendem a fazer coisas não para si mesmos, mas para o mundo inteiro. Quando eles meditam, é para o bem de todos.

Eles tentam alcançar a iluminação para alcançar todo o seu potencial e ajudar os necessitados. Não por menos estamos sempre falando sobre o amor ao próximo por aqui. Quando consegue desenvolver esse tipo de atitude altruísta, concentra-se menos nos problemas pessoais. Crescemos enquanto seres especiais que somos.

Ficamos menos emocionais com coisas pequenas e a mente fica mais calma. Isso é o que chamamos de desocupação interna: Abrir espaço para outros e descartar aqueles hábitos egoístas.

Hábito 3 – Meditar imenso.

Uma das principais razões pelas quais alguém torna-se num monge é ter mais tempo para meditar. A maioria dos monges acorda cedo e medita por 1 a 3 horas e faz o mesmo à noite. Esse tipo de prática muda o nosso cérebro. Se já leste algum artigo sobre os benefícios da meditação, sabe o que queremos dizer. Não precisa adoptar este tipo de cronograma rigoroso, mas e se começares o dia com 30 minutos de meditação?

Hábito 4 – Seguindo o sábio.

Na sociedade ocidental, temos uma relação pouco saudável com a velhice.

Mas para os monges budistas, eles olham para as pessoas idosas como sábias. Eles procuram guias espirituais mais velhos, que possam ajudá-los no seu caminho. Se olhares em redor, há sempre pessoas inteligentes para aprender com elas. Os idosos têm mais experiência, o que significa que eles podem oferecer inúmeras lições de vida.

Hábito 5 – Ouça atentamente e sem julgamento.

O nosso cérebro naturalmente julga os outros. Mas, de acordo com os budistas, o ponto de comunicação é ajudar os outros e nós mesmos a sofrer menos.

Criticar e julgar, obviamente, não ajuda em nada! O que é maravilhoso sobre a plenitude é que ela é livre de todo e qualquer julgamento que sintas o desejo de fazer. O principal objectivo da comunicação plena é absorver tudo o que alguém está dizendo sem avaliá-lo. Chega de julgar, principalmente quando não tem nada ligado a si. Muitos de nós planeamos as nossas respostas enquanto escutamos, mas o principal objectivo aqui é simplesmente absorver tudo o que eles estão dizendo. Isso leva a mais respeito mútuo, compreensão e oportunidadea de progresso na conversa. Isso fará com que vejas as pessoas de outra forma.

Hábito 6 – A mudança é a única lei do universo.

Segundo o Mestre Budista Suzuki, um princípio crucial que todos nós precisamos aprender é aceitar a mudança:

“Sem aceitar o facto de que tudo muda, não podemos encontrar compostura perfeita. Mas, infelizmente, embora seja verdade, é difícil para nós aceitar esse facto. Por não conseguirmos aceitar a verdade dessa transição, sofremos.”

Tudo muda, é a lei fundamental do universo. O universo expande-se e muda a cada instante que passa. No entanto, achamos difícil aceitar isso. Nós identificamos fortemente com a nossa aparência fixa, com o nosso corpo e a nossa personalidade.

E quando essas coisas mudam, sofremos.

No entanto, Suzuki diz que podemos superar isso reconhecendo que o conteúdo das nossas mentes está em fluxo perpétuo. Tudo sobre a consciência vem e vai. Entender isso no calor do momento pode difundir medo, ansiedade, raiva, apego, desespero. Por exemplo, é difícil ficar com raiva quando vê a raiva pelo que ela é. É por isso que o Zen ensina que o momento é tudo o que existe. Suzuki diz:

“O que quer que faça, deve ser uma expressão da mesma actividade profunda. Nós devemos apreciar o que estamos fazendo. Não há preparação para outra coisa”.

Hábito 7 – Vivendo o momento

Como seres humanos, pode ser difícil simplesmente abraçar o momento presente. Nós tendemos a pensar em eventos passados ou preocupar-nos com o que o futuro nos reserva.

A nossa mente pode naturalmente vaguear.

Mas a plenitude nos encoraja a reconcentrar. Praticar a plenitude permite-nos melhorar o redirecionar dos nossos pensamentos para o que estamos realmente comprometidos.

Sem nos julgarmos por nos perdermos nos nossos pensamentos, simplesmente reconhecemos que perdemos a nossa atenção e direccionamos o nosso foco para os nossos sentidos ou para qualquer tarefa em que estamos envolvidos.

É preciso disciplina, mas é o que precisamos de fazer se quisermos de facto, estarmos presentes para os milagres da vida.

Budismo e Energia Positiva.

O Budismo é uma filosofia espiritual que enfatiza a busca da iluminação e a compreensão da natureza da existência. A energia positiva desempenha um papel significativo na prática budista, embora seja abordada de forma diferente em comparação a outras tradições espirituais.

No Budismo, a energia positiva é frequentemente associada aos conceitos de “karma” e “intenção”. Acredita-se que nossas ações, pensamentos e intenções tenham consequências, tanto para nós mesmos quanto para os outros. Se cultivarmos intenções positivas e agirmos com bondade e compaixão, estaremos gerando uma energia positiva ao nosso redor. Essa energia, por sua vez, influencia nossas experiências e o bem-estar dos outros.

Além disso, o Budismo enfatiza a importância da mente e da atenção plena. Através da prática da meditação e do desenvolvimento da consciência, buscamos purificar e acalmar a mente, permitindo que a energia positiva flua livremente. Ao nos libertarmos das preocupações, dos desejos egoístas e da negatividade, podemos experimentar um estado de equanimidade e alegria interna.

O cultivo da energia positiva no Budismo não se limita apenas ao benefício pessoal. A compaixão e o amor compassivo são fundamentais para a prática budista, e a energia positiva é direcionada para o bem-estar de todos os seres sencientes. Buscar o despertar espiritual e aliviar o sofrimento humano são objetivos centrais da prática budista.

No entanto, é importante ressaltar que o Budismo não considera a energia positiva como algo místico ou sobrenatural. Em vez disso, é vista como um resultado natural das ações virtuosas e da transformação da mente.

Em resumo, a relação entre o Budismo e a energia positiva reside na compreensão de que nossas ações, pensamentos e intenções têm um impacto direto em nós mesmos e nos outros. Cultivar uma mentalidade positiva, agir com bondade e compaixão, e desenvolver a mente através da meditação são meios para gerar e manifestar essa energia positiva.

O Que É Ética?| Dr. Alexander Berzin, Matt Lindén.

A ética é um sistema de valores morais que molda o nosso comportamento para fazer nossa vida mais feliz. Com a ética, vivemos com honestidade, o que faz com que as pessoas tenham mais confiança e amizade conosco. A ética é a chave para a felicidade.

Ética no Budismo

No Budismo, a ética baseia-se na consciência discriminativa: usamos nossa inteligência para discernir entre o que gera felicidade duradoura e o que gera problemas recorrentes. Não é uma questão de obedecer cegamente uma lista de regras, mas de perceber que faz sentido seguir algumas orientações éticas.

Se realmente nos preocupamos conosco, faz sentido tomarmos decisões inteligentes em relação ao nosso comportamento. A baixa autoestima nos leva a uma atitude de indiferença moral, enquanto uma autoestima positiva nos leva à dignidade. Quando temos dignidade, nos respeitamos tão profundamente que nunca cogitamos agir de maneira antiética, simplesmente não parece certo.

Como uma abelha que recolhe o néctar das flores sem perturbar sua cor ou fragrância; o sábio move-se pelo mundo – Dhammapada: Flores, verso 49.”

Ética e Votos Baseados na Razão

A prática budista é baseada no bom senso. Se formos egoístas, irritados e arrogantes, como esperar uma vida pacífica e feliz?No budismo, pode-se tomar vários níveis de votos. Por exemplo, monges plenamente ordenados, na tradição tibetana, têm que seguir 253 votos, e muitos budistas leigos tomam os “cinco preceitos dos leigos”, que são:

. Abster-se de matar

. Abster-se de pegar para si o que não lhe for dado

. Abster-se do comportamento sexual inadequado

. Abster-se de falar mentiras

. Abster-se de substâncias intoxicantes

Esses preceitos são tomados voluntariamente pelos praticantes budistas, a fim de criar uma vida conducente à prática. Essas regras nos ajudam a permanecer na direção correta, e também geram as causas para desenvolvermos uma vida feliz e bem sucedida.

Ética para uma Vida Bem Sucedida

Algumas pessoas acham que uma vida bem-sucedida é ter muita riqueza material e poder. Mesmo que consigamos essas coisas, nunca estaremos satisfeitos e ficaremos paranóicos com medo de perdê-las. E quanto mais coisas tivermos, especialmente se as obtivemos às custas dos outros, mais inimigos teremos. Ninguém diria que uma vida bem sucedida é quando as pessoas não gostam de nós. Uma vida bem sucedida é uma vida em que fazemos muitas amizades e as pessoas sentem-se felizes em nossa companhia. Então, não importará quanto dinheiro ou poder tenhamos; teremos apoio emocional, o que nos dará força para lidar com o que quer que venha a nos acontecer. As diretrizes éticas indicam os tipos de comportamento que geram felicidade e os que criam problemas. Quando somos honestos e desejamos trazer felicidade aos outros, as pessoas confiam que não as trairemos, maltrataremos ou exploraremos. Essa confiança é a base para um relacionamento amistoso com todos aqueles que encontramos. As pessoas sentem-se à vontade e felizes conosco, pois sabem que há nada a temer. E nós também nos sentimos felizes. Quem gostaria que as pessoas ficassem sempre na defensiva ou tremendo de medo em sua companhia? Todos gostam de um sorriso.Humanos são seres sociais: precisamos do apoio uns dos outros para sobreviver, e não só quando somos recém nascidos ou idosos, mas durante toda a vida. Sempre precisamos da ajuda e cuidado dos outros. O apoio emocional que recebemos de amigos afetuosos faz com que nossa vida seja gratificante. Uma ética forte nos permite criar relacionamentos de amizade com todos as pessoas.

Nirvana. O que é? Como atingir?

No Budismo, Nirvana é o estado final de libertação do sofrimento e da ilusão do “eu”. Alcançar o Nirvana é o objectivo final do Caminho Budista, que é composto de oito passos conhecidos como o Caminho Óctuplo.

Esses oito passos são:

  1. Visão correcta: Entender a realidade e a natureza da existência.
  2. Intenção correcta: Cultivar intenções positivas e benevolentes.
  3. Fala correcta: Falar com honestidade e evitar fofocas, calúnia e linguagem grosseira.
  4. Acção correta: Agir com ética e evitar ações prejudiciais, como roubo, violência e exploração.
  5. Meio de subsistência correcto: Ganhar a vida de maneira ética e não prejudicial.
  6. Esforço correcto: Cultivar uma atitude de diligência e perseverança em relação à prática espiritual.
  7. Atenção plena correcta: Desenvolver a consciência plena de cada momento e manter a mente focada no presente.
  8. Concentração correcta: Cultivar a meditação e a concentração para alcançar um estado de paz e tranquilidade mental.

Ao seguir esses oito passos, os praticantes do Budismo acreditam que podem gradualmente superar a ilusão do “eu” e alcançar a iluminação, ou o estado de Nirvana. O Nirvana não é um lugar ou uma experiência, mas um estado de ser em que se vive em paz, liberdade e alegria, independentemente das circunstâncias externas.

No entanto, é importante notar que a procura pelo Nirvana é um processo contínuo e desafiador, e não há uma fórmula ou um caminho único que funcione para todos. Cada pessoa deve encontrar a sua própria maneira de praticar o Budismo e buscar a iluminação de acordo com as suas próprias necessidades e circunstâncias pessoais.

Estátua de Buda encontrada na Austrália pode reescrever a História

Uma pequena estátua de Buda encontrada numa praia australiana pode ser a prova de que os chineses terão estado no continente da Austrália muito antes de os europeus lá terem chegado.

A estátua — uma relíquia da dinastia Ming — foi encontrada por dois cineastas, Leon Deschamps e Shayne Thomson, em 2018, numa praia remota na Austrália Ocidental. Estavam ali para fazer um documentário sobre a exploração francesa do continente, no século XIX, quando encontraram a pequena estátua, de apenas 15 centímetros de altura e com pouco mais de um quilo de peso, segundo o The Guardian.Agora, quase cinco anos depois, os dois conseguiram comprovar junto de vários especialistas que a estátua é autêntica e está avaliada em cerca de 170 mil euros, segundo o News.Au. Deschamps levou o caso a um programa de televisão, o Antiques Roadshow. “Vamos esclarecer isto, é uma Ming”, disse Lee Young, o avaliador especialista em arte asiática que participa no programa, estimando que a estátua será algures do período entre 1368 e 1644.

Outro especialista, o investigador Ian MacLeod, confirmou “sem margem para dúvidas” que a estátua não é uma falsificação.O cineasta Deschamps especula que a estátua pode ter sido deixada para trás durante uma expedição chinesa em 1421, quando o terceiro imperador Ming enviou várias expedições para o sudeste asiático. Contudo, lembra o The Guardian, não há até hoje qualquer prova de que um destes navios tenha chegado a Austrália. Esta estátua de Buda, porém, pode ser um primeiro sinal de que tal tenha acontecido.